Paixão por vinho!
Gabi Frizon fala sobre sua trajetória no universo dos vinhos e revela os segredos para uma boa harmonização.
Se você é um verdadeiro amante de vinhos já deve ter ouvido falar em um sommelier (feminino: sommelière), expressão de origem francesa que designa o profissional responsável pela carta de bebidas de um estabelecimento. Apesar de ainda muito dominado por homens, o mercado dos vinhos tem, cada vez mais, aberto espaço para que mulheres do ramo recebam protagonismo em seus trabalhos, desbravando o mundo dos vinhos.
É o caso da gaúcha Gabriele Frizon, que possui 14 anos de experiência na área de Alimentos e Bebidas, e atua como consultora para o mercado de vinhos no Brasil desde 2017. Filha do chef Celso Frizon, que fora representante comercial e distribuidor de uma vinícola de vinhos de mesa, Gabi cresceu em meio aos garrafões de vinho. “Somos descendentes de italianos e, assim como na Itália, era costume nas colônias do Rio Grande do Sul oferecer vinho diluído em água para as crianças. Dessa forma, meu primeiro contato com vinho aconteceu naturalmente, ainda na primeira infância”, conta.
Quando tinha dez anos, Celso Frizon comandava o empório Rancho do Vinho – atual Dr. Costela – em Itapecerica da Serra, que na época já tinha uma adega com 60 rótulos de vinhos brasileiros. Aos 12, fez sua primeira degustação de vinho finos brasileiros, acompanhada de seu pai e dos produtores irmãos Miolo.
“Foi neste ambiente de gastronomia e vinhos que eu cresci. Mesmo quando criança eu estava lá todos os dias e ajudava em uma tarefa ou outra, até mesmo no atendimento aos clientes”, relembra. Em 2006, ingressou no curso de Sommeliers da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS) em São Paulo, onde pôde aprofundar ainda mais os seus conhecimentos em relação ao vinho. Durante o ensino médio, não teve dúvidas de qual graduação queria seguir: estava decidida a cursar a faculdade de hotelaria.
Dito e feito. No ano seguinte, Gabi Frizon deu início à graduação em administração hoteleira na Universidade Anhembi Morumbi. “A formação acadêmica me deu a base de gestão em Alimentos e Bebidas”, explica. Assumiu o posto de gerente do Dr. Costela até 2013, quando teve a oportunidade de ingressar na hotelaria de luxo como Sommelière do restaurante do Hotel Tivoli Mofarrej, na capital paulista.
Em 2016, foi a única sommelière a receber a Certificação Brasileira de Sommeliers após passar por uma prova prática de degustação, conhecimentos e serviços de vinhos. “Nunca enxerguei o mercado de vinhos e serviço como um Hobby, escolhi ainda muito jovem me dedicar à isso como minha profissão. O universo dos vinhos é tão vasto que nunca me permitiria parar de estudar. Acho que era isso que eu queria, nunca deixar de aprender!”, reconhece.
Apesar de todas as conquistas, o trabalho na área da gastronomia também conta com dificuldades e contratempos, principalmente no cenário atual de pandemia; e o sommelier entra como peça chave para que bares e restaurantes continuem atraindo clientes e sobrevivam à crise econômica. “Um dos principais desafios é continuar fazendo com que o serviço de vinhos seja essencial, e não descartável. O Sommelier é fundamental para o aumento da receita dos restaurantes e lojas de vinhos, O Sommelier não é apenas um ‘abridor de garrafas’. Pelo contrário, é a figura que vai compor uma refeição e pode oferecer reais experiências aos clientes, fazendo com que retornem e indiquem o restaurante”, explica.
E quando o assunto é um bom vinho, nada melhor do que realçar seus sabores e tornar a experiência gastronômica ainda mais rica e prazerosa. É aí que entra a harmonização, que combina alimentos e bebidas por técnicas de semelhança ou contraste a fim de criar um perfeito equilíbrio de sabores ao paladar.
Mas quais são os segredos para uma boa harmonização?
Gabi Frizon esclarece: “primeiro de tudo é fundamental entender para quem está sendo preparada determinada harmonização e, quando possível, considerar os gostos pessoais do consumidor. O vinho é pensado para a comida, por isso, torna-se primordial considerar as características do prato. O sommelier não pode prender-se às regras dos livros, precisa ir muito além. Precisa ousar, experimentar novas combinações, vinhos menos conhecidos, estilos e uvas diferentes”.
Com tanta apreciação pela bebida, certamente pode ser difícil escolher um preferido entre as milhares de opções. Mas para a sommelière um bom vinho Jerez-Xérès-Sherry, das principais bebidas da Espanha, está no topo da lista, de tal forma que Gabi ficou conhecida como “a louca do Jerez”. E com tanto amor pelo universo dos vinhos, não é surpresa que seus planos para o futuro incluam mais e mais trabalhos com a bebida. Ela pretende continuar atuando na área, como educadora, consultora e sommelière, além de seguir investindo nos cursos e certificações para profissionalizar-se cada vez mais.
Instagram: @gabifrizon
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Gabi é sem dúvida uma das melhores Sommelières e instrutoras que conheço, mas… Sua maior qualidade no mundo nos vinhos é essa paixão, isso faz com que qualquer bate-papo sobre o tema seja recheado de conhecimento e emoção. Parabéns pela excelente matéria!