Mariana Pelozio comanda o Duas Terezas, restaurante de comida caseira com gostinho de casa de vó
Mariana Pelozio tinha apenas nove anos quando encontrou um livro de culinária de sua avó e preparou sua primeira receita: um suflê de espinafre. “Eu amei aquele negócio de misturar coisas e imediatamente sair um resultado”. E desde então nunca mais parou. Aos 11 anos, era ela quem fazia as compras no mercado e na feira e – além disso – cozinhava para o irmão mais novo dentro de casa. “A cozinha sempre foi uma zona livre para mim. Livre para testar, errar, fazer novamente. E continua sendo até hoje. É onde posso ser livre”.
Ainda que soubesse que queria ser cozinheira, Mariana deixou, inicialmente, a gastronomia em segundo plano, já que parecia um sonho distante, praticamente impossível de ser alcançado. Então, foi em busca de um plano B. Formou-se em administração e atuou alguns anos no setor. Mas não estava feliz.
“Meu marido me incentivou a mudar de área. Onde está nosso coração e nosso tesouro? Desde então, tenho cada dia mais certeza de que a gastronomia me completa”. Decidiu então fazer o curso de Cozinheiro Chef Internacional do Senac e pós-graduação em Culinária Brasileira.
A fim de entender a importância histórica, antropológica e gastronômica de certos gestos e tradições familiares, Mariana foi atrás de suas origens. “Eu entendi que seria impossível seguir na minha profissão sem valorizar o microambiente da história gastronômica da minha família”.
Foi por isso que, em 2016, mergulhando na história e alimentação de sua família, ela abriu o restaurante Duas Terezas, nome que homenageia as avós Tereza Pelozio e Tereza Ciarrocchi. “Minha ideia sempre foi colocar no prato as receitas que experimentei em casa, com minhas avós, tias, com seus livros e cadernos e com a liberdade que eu sempre tive.
Uma comida de espírito caseiro e aconchegante, repleta de cheiros, sabores, texturas, cores e, sobretudo, muito carinho. “Cozinha de afeto, com sabor de casa de vó”. O cardápio mistura as culinárias brasileira e italiana, mas sem deixar de lado o toque especial da chef Mariana Pelozio.
Com uma equipe 90% feminina, ela deixa claro que desconstruir o machismo é primordial dentro da Casa, e que não há espaço para macho palestrinha – e muito menos para atitudes de mansplaning e manterrupting. “Entendi que se eu quero equidade profissional, eu preciso começar, preciso fazer! Alguns homens chegaram, são bem-vindos, mas precisam aprender a trabalhar nesse ambiente feminino”.
Inspirada em chefs como Morena Leite, Madu Melo, Renata Vanzetto, Janete Borges, Janaína Rueda e Ieda de Matos o processo de criar receitas varia conforme sua inspiração. “Às vezes o prato aparece pronto na minha cabeça. Mas outras vezes são complicadas. Eu sempre busco entender o que meu cliente quer comer. Afinal, sou um restaurante inspirado em casa de vó. E o que é uma avó senão aquela pessoa que faz as vontades dos netos!? Vó é mãe com açúcar”.
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Fotos: Divulgação/Mariana Pelozio
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